sábado, 27 de novembro de 2010

Minha última viagem

Lá estava eu. Azul. Há mais de três horas me encontrava parado viajando em meu oceano. O amarelo me enervava, as coisas-falantes em volta "atordoadas". Cada uma tagarelando uma opinião "resolutiva e coerente" quanto a algum problema. Acho que eu era o problema.

Fui uma baleia comum. Difícil ser diferente do resto quando tudo o que você consegue, por mais que nade, é mais mar. Tudo se resume a continuar nadando. Tudo passa muito rápido. Dias, meses, anos, não importam para nós. A palavra que reina é "monotoneidade".

Passei a ficar mais tempo espiando lá em cima. O alto do mar era estranho, convidativo. Umas coisas às vezes marrons, às vezes verdes passavam sempre lá em cima, no topo. Alguns só via uma vez depois desapareciam. Outros, de tempos em tempos sumiam com uns irmãos e reapareciam descarregados, para repetir o processo. Me perguntava pra onde iam os irmãos. Liberdade, pensava eu. Quebra na rotina. Queria experimentar.

Um dia segui uma das coisas. Nadei como se não houvesse amanhã. O azul parecia infinito, mas daí então vi aquela faixa curiosa se destacando no horizonte. A coisa se direcionava para lá. Liberdade. Usei minhas últimas forças para chegar lá. Um baque.

Havia alcançado meu objetivo. O tempo não existia, como sempre; mas agora era diferente: estava no pico de minha ascensão, logo estaria livre. Aquela multidão de coisinhas tagarelas me vê com olhos atordoados. Acho que querem me ajudar. Mas não entendo qual é o problema. Me sinto tão bem agora. Acho que nunca me senti tão bem.

A liberdade está próxima. As algemas estão tão frouxas... Posso sentir dentro de mim. Tudo estã começando.
Agora sou infinito como o mar.

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