sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Vai chover

Mark fitava o exterior nublado e enevoado de dentro de sua quente e aconchegante residência no topo de uma das ruas da cidadezinha onde morava. Mesmo sua rua sendo um tanto movimentada , nestes dias como aquele ninguém dava as caras por ali. Mark ouviu alguém chamar seu nome de lá de fora, uma voz feminina, bem sutil e fraca. Aquilo o torturou até que não aguentou mais e saiu de casa para tentar descobrir quem o havia chamado, no que parecia um chamado urgente apesar de fraco. Nem se agasalhou ao sair, tanta era sua perturbação. Ouviu o chamado novamente, agora um pouco mais forte, vindo da sua direita, mais ao longe ainda assim. A névoa estava mais forte ainda agora, o que não permitia enxergar nada que estivesse a mais de dois metros de distância dele. Se distanciava cada vez mais de sua casinha, e de sua rua, mas nem se apegava a este fato. O barulho e o cheiro de chuva começavam a se pronunciar. A voz mais uma vez o chamou, mais perto do que antes. Ela, fosse quem fosse, precisava encontrar com ele urgentemente. A chuva caía há alguns minutos, e se fortificava a cada momento. Trovões fortíssimos também estremeciam e agitavam o pensamento de Mark. Então visualizou uma coisa: um portão grande de ferro bem enferrujado por causa do tempo. A moça só podia estar lá dentro. Um cemitério. Estava ele dentro do antigo cemitério fechado da cidade. A chuva torrencial não o permitia ouvir nada, nem se alguém berrasse em seu ouvido. Se sentia perdido, mas foi neste momento que a voz da moça soou novamente em seus ouvidos, como um profeta guia seus seguidores. Havia um vulto embaixo da cobertura de um pequeno santuário à frente de onde se encontrava. Se aproximou com bastante expectativa. Quando chegou, se deparou com uma figura toda vestida em túnicas pesadas pretas, colares satânicos ao redor de seu corpo, e uma foice fortemente retorcida que brilhava fantasmagóricamente para ele: a moça que o chamara era a morte. Tudo muito rápido: foi como se sua cabeça tivesse sido cortada fora no exato momento que um raio irrompeu sobre Mark e o matou instantâneamente. Ainda só se ouviam os clangores e pingos da tempestade. Risadas sádicas da ceifadeira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário